sexta-feira, 8 de novembro de 2019

As vantagens e desvantagens da portaria remota

A tecnologia cada vez mais faz parte da vida das pessoas e transforma o cotidiano das grandes cidades. Ela está inserida desde soluções simples até as mais complexas. E a tecnologia também já faz parte da rotina de muitos condomínios e uma de suas aplicações está na portaria remota.

Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor tem a expectativa de expansão de 30% no mercado da portaria virtual até 2020. A perspectiva de crescimento se dá porque são muitos os pontos positivos pela transição para o modelo e a principal delas é a economia nos custos do condomínio, que gira entre 50% e 70%. Mas também existem os aspectos negativos de inserir a tecnologia na portaria de um empreendimento. Saiba quais são os prós e os contras da portaria remota. 

portaria remota
(Foto: Shutterstock)

Crescimento

Para a presidente da Abese, Selma Milgliori, o crescimento do mercado de portaria virtual se dá pelo investimento na tecnologia em busca de mais segurança, respaldo e equilíbrio do orçamento. Porém ela ressalta que ainda existe uma concentração nas regiões Sul e Sudeste, como aponta pesquisa da entidade. São Paulo concentra 43,5% das empresas que oferecem o serviço, seguido pelo Paraná (13%), Rio Grande do Sul (9,2%), Rio de Janeiro (8,4%) e Minas Gerais (7,6%). No Nordeste, o Ceará lidera com 5,3% da participação. A solução, em sua maioria, foi incorporada no portfólio da empresa e convive junto com outros tipos de serviços, já que 85,7% afirmam que oferecem múltiplas soluções.

Funcionamento

A tecnologia é a ferramenta aliada por trás do funcionamento da portaria remota. “Imagine morar em um condomínio onde ao invés de avisar o porteiro sobre a chegada de visitas, o morador envia um código QRCode diretamente para o celular dos convidados e libera a entrada sem a necessidade de avisa à portaria. Esta é a realidade de condomínios que trocaram a portaria presencial pelo remota, ou seja, quando o atendimento operacional de um condomínio está concentrado em uma central à distância e tudo é realizado através da tecnologia”, explica Walter Uvo, especialista em tecnologia de segurança de condomínios da MinhaPortaria.com. 

Benefícios da portaria remota

Walter Uvo aponta a segurança dos moradores como um dos pontos positivos. “Isso porque 80% de todos os processos de validação de entrada e saída de visitantes, prestadores de serviço e habitantes são checados eletronicamente, o que minimiza a possibilidade de falhas que tornam o condomínio vulnerável”, explica. Para Rodrigo Karpat, advogado especialista em Direito Imobiliário e sócio do Karpat Advogados, existem equipamentos que ajudam nesta questão da segurança. “Alguns é preciso cadastrar o RG e ele fica gravado, alguns condomínios todos os moradores precisam passar por cadastramento. Dá para liberar o acesso das pessoas e funcionários apenas durante o período que o morador autorizou. Dá para ter um controle melhor do prédio. Pode usar com chave ou com a digital. O chaveiro oferece um risco maior porque pode perder ou emprestar, já a digital é o mais eficiente”, acrescenta. Ambos ainda creditam os custos como um dos principais benefícios.

A segurança dos moradores é o principal benefício da portaria remota
A segurança dos moradores é o principal benefício da portaria remota (Foto: Shutterstock)

Custos da portaria remota

A principal questão que leva um condomínio a adotar a portaria remota é a proposta de redução dos custos. “Você tem portarias remotas que chegam a reduzir metade dos custos do condomínio. Isso porque o custo da mão de obra chega, em média, a 50% ou 70% dos custos totais do condomínio”, explica Rodrigo Karpat. “Caso um condomínio tenha uma portaria 24 horas, um zelador e um faxineiro, os custos chegam a algo em torno de R$ 20 mil, a depender do tempo que estão, se são terceirizados. Então, muitas vezes, para reduzir os custos e manter alguém cuidando do prédio presencialmente os edifícios optam por um sistema híbrido, com a portaria remota, mas que mantém um faxineiro ou um zelador”, complementa. 

Contras

Para o advogado Rodrigo Karpat, um ponto negativo é que o condomínio precisa se adequar para receber as ferramentas tecnológicas. “Existem as tecnologias, precisa estar ligado a um computador, rede de wifi, precisa ter um no break para caso a energia caia. Às vezes precisa trocar o maquinário da porta, o portão precisa estar hábil. São investimentos que precisam ser feitos para fazer as adequações físicas”, detalha. Já para Selma Milgliori, outro aspecto que pesa ainda diz respeito à resistência dos moradores em relação às novas tecnologias.

“A maior questão não diz respeito a efetividade da solução em relação aos custos e segurança do condomínio. Apesar dos benefícios, a solução tecnológica ainda enfrenta resistência de moradores que temem não se acostumar com a mudança de não ter mais um porteiro na portaria para serviços como abrir portas, ajudar a carregar compras e entre outras gentilezas do dia a dia”, afirma. Porém, segundo ela, o que tem acontecido, é que porteiros estão sendo requalificados para assumir outras funções que estão surgindo, como o trabalho em centrais de monitoramento, além de atividades de atendimento, instalações de sistemas, desenvolvimento de softwares, entre outras. 

Convenção

O advogado Rodrigo Karpat ainda reforça que a instalação da portaria remota não pode ser imposta ao condomínio. “Isso deve ser definido através de uma votação na assembleia, não é um sistema que deve ser imposto. É uma mudança de paradigma e deve passar pela avaliação prévia para ser aprovada em maioria simples e só depois instalar o sistema no condomínio”, pontua. 

Portaria remota e o recebimento de encomendas

Outra questão que costuma ser levantada diz respeito às entregas de correspondências e entregas de deliverys. “Sobre o serviço dos Correios, cada edifício estabelece um procedimento específico e votado em assembleia de moradores. Alguns optam por estabelecer que somente o morador pode receber as próprias correspondências e outros estipulam que essa função ainda fique a cargo de um zelador. No entanto, há também uma parcela que investe na tecnologia para automatizar esse processo com os armários eletrônicos para cada apartamento. A solução envia uma mensagem para o celular dos moradores assim que uma correspondência é deixada no armário e facilita o recebimento”, detalha Walter Uvo. Rodrigo Karpat alerta para que os condomínios estejam protegidos para evitar problemas com oficiais de justiça, por exemplo. 

Perfil

Alguns perfis de condomínios se adequam melhor ao sistema de portaria remota. Para o advogado Rodrigo Karpat, os prédio menores são os mais adequados. “É mais fácil porque tem menos gente. Os maiores vão demandar muito, é difícil de encontrar, mas encontra. O que costuma acontecer é que esses empreendimentos têm mais de uma portaria e aí acabam colocando a portaria remota em uma entrada lateral ou de mudança em vez de manter uma pessoa fixa”, explica.

Walter Uvo também defende que alguns tipos de condomínios sentem de forma mais expressiva os impactos positivos da portaria remota. “Os benefícios são melhores percebidos em condomínios com até 60 unidades. Neles é possível obter um aumento na segurança e uma efetiva redução de custos no boleto dos moradores. Em condomínios maiores a redução também acontece, uma economia de R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, mas como esse valor é diluído em muitas unidades, o morador não parcebe, apesar de também estar se beneficiando com a segurança e o equilíbrio financeiro”, conclui. 

+ Já pensou em morar em um condomínio com portaria remota? 

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